Bem vindos a Infâmia.

Surgido da necessidade pessoal ou de uma compulsão não explicada, esse é um espaço reservado a todos que queiram dividir seus textos com o público (ou não). Apenas um local de expressão pseudo literária.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

2021

 "Eu vi como você trata as outras pessoas... por isso vou te carregar e defender até onde me for possível. Eu gosto muito de você menininha... vou sentir sua falta."

sexta-feira, 29 de junho de 2018

Quando o ódio vence...

Não chore criança, pois o vento me contou,
das lágrimas e a ternura de um respirar
tudo o que sem piedade ele lhe roubou,
Machucado infantil que te faz soluçar

Não chore moça, pois o inverno se alongou
provocando um vazio no olhar
Um mundo que se levanta por quem você beijou
sem se importar com seu caminhar ou desejar

Não chore menina, eu sei que o calor acabou
Ferida que sangra e arde em segredos abertos
Tempestades em mares que a brisa cortou
te acordando em lugares incertos

Não chore garota, pois suas lágrimas são brilhos
de um amor mais puro, que nesse tempos estranhos
causa ódio daqueles que se perdem seguindo trilhos
deixando um vácuo interno nesses seres tacanhos

Não chore mulher, pois em tuas veias
existe o grito sufocado de todas as Pandoras,
Marias, Fátimas, Lilitis e Eneidas
que ousam, sonham, amam a todas as horas

É nesse caminhar dentro da escuridão
Com um coração pulsante e com pesar
Sabemos que teu sorriso amargo
nos faz sangrar contigo.

domingo, 6 de maio de 2018

MAR DE FLORES

Entre tantos anseios
Caminhos do meio
Andava entre portas abertas
Por breves devaneios
Em ruas úmidas da madrugada
Com o cheiro bom do vinho

Nesse caminhar dolente
Um olhar distante
Um sorriso atraente
Uma alma calcinante
Sonho inquietante de quem
Sempre será errante

Na escuridão de seu rosto
Me perco em devaneios
Pois entre palavras e sonhos
Se escondia um soneto

Das flores de abril me restam um olhar
Blues na vitrola, dois uísques no bar
Esse vaso febril que encanta a maré
Com ternura áspera reconhece quem é

Numa dança de roda me faz juvenil
Ganhando aos poucos esse lindo ardil
mil rosas atendem ao chamado então,
em chamas, enfrente, abre mais um botão

O respirar reticente que atravessa o olhar
Por prazer, plenitude me fecho então
Tua alma resplandecente, indica o lugar

Seu toque navega em um som violão
Beijo cálido se perde em correnteza ao luar
Sem medo ou angústias no caminhar do sertão

terça-feira, 1 de maio de 2018

ON THE ROAD


Eu ando no vazio da multidão,
Procurando a mim mesmo entre latas,
Entulhos, garrafas, caixas de papelão
Doces aromas vindos da sala
entre idas e vindas da escuridão

Lágrimas em devaneio por brisas distantes ,
Entre semáforos fechados ao redor de ti
Se perdem em madrugadas de pensamentos errantes
Como andarilhos descalços buscando o que vi
Tudo em mim ecoa em respiros ofegantes
Por inveja dos passos que desnudam um por vir  

Vejo silêncios incomodarem em doçura agonizante
Mãos tremulas que buscam mais um café
Certezas fibrilam no badalar do relógio tocante
Um sol que surge sem calor e sem fé,

E por tudo me falta, parte da alma que sobra
por uma lembrança de criança malfadada sorri
o toque de esperança de uma tristeza que cobra,
no limiar da existência percebendo, envelheci

Abandono a juventude com um sorriso no rosto,
Ouvindo o som de um violão num bailar facundo
Acelero nas curvas no final da tarde por gosto
Apenas para sentir a imortalidade daquele segundo

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

HOMENAGEM A EPIFANIA ESCOLAR

A dona do poema abaixo é um ser humano brilhante, com tiradas fantásticas e um senso de humor ímpar. Acho que vale a pena a publicação.


domingo, 20 de julho de 2014

POEMA SOBRE O TEMPO



Vejo velho vento de minha sacada
Brisa gelada de um prenúncio ruim
Calafrio sombrio de minha´lma cansada
Noite´scura que chega na tarde sem fim

Olhos correndo sobre os riscos espalha
Ao som ritmado de estampidos assim
Vidros tremendo que o vento chacoalha
Urina do cão que respinga em mim

O tempo esfria e o meu ódio fornalha
Ribombar dos trovões e um clarão Serafim
Gelo que queima e meu coração se espalha
Destruindo meus sonhos e cobrindo o Jardim

Tempo que pesa em minhas costas armada
Cicatrizes eternas que cheiram a jasmim
Nuvens se abrem e o mau agouro se amarga
Gordo Velho maldito de alma chinfrim

Nevoeiro se estende aos meus pés em mortalha
Meus olhos endurecem sem pena de mim
Horizonte bravio que me corta em navalha

Meus punhos em riste prontos no fim.


domingo, 1 de maio de 2011

Réquiem para Mel


Não foi uma questão de escolha. Foi uma profusão de coincidências que em tramas elaboradas que me levaram a você. Coincidências que me trazem uma melancolia sem proporções.

Foram seus olhos, seu sorriso espontâneo, sua alegria em viver e experimentar o máximo que me seduziu. Você já tinha me envolvido com toda a sua inspiração e quando me dei por conta não havia como escapar. Você não havia ficado surpresa quando me apaixonei por você. A malícia do canto esquerdo de seu sorriso acabavam comigo.

Você foi a melhor ouvinte que se podia ter. Eu nunca me sentia sozinho. Era como se todas as minhas brincadeiras de infância retornassem junto com a inocência de tempos perdidos. A alegria despreocupada de raios de sol que atravessava as folhas do grande carvalho que ficava ao fundo da casa de seus pais. Um retorno para um local sem medo e quente com seus braços em volta de meu corpo.

Escuto seu riso ainda carregado pelos ventos quentes de minha memória, provenientes de algum lugar do Pacífico. Acreditávamos que estar em seus braços era a única certeza de que e podia contar.

Amor e devoção juvenis que deveriam nos levar por todos os lados e nos unir em um paraíso terreno. Mas o paraíso não é para todos.

Você tinha asas e não poderia viver confinada a um amor que apenas podia oferecer a você ele mesmo. Alçou vôo. Conheceu outros lugares. Outras pessoas. Dividiu sua alegria e seus sorrisos com todos que haviam ficado a sua volta. Tornou-se grande naquilo que fazia de melhor. E mesmo assim aquilo não era o suficiente.

Conheceu outro alguém. Enquanto eu me perdia em memórias você prosseguiu. Viveu o máximo e foi feliz. E eu sou feliz por sua vida ter sido repleta de plenitudes. Mas as sombras do tempo nunca são justas.

Agora você se foi. E eu não sei mais o que fazer para continuar. Estou velho. E dentro de minha solidão não acho o sentido das coisas. Toco sua mão fria em seu ultimo sono. Ainda lembro-me de seus beijos úmidos e caricias apaixonadas de um verão qualquer. Sinto sua falta. Não das coisas que aconteceram, pois por elas eu sou grato.

Sinto falta das coisas que não aconteceram. Das conversas que deixamos de ter. Das brigas por motivos ridículos que poderíamos ter tido diversas vezes. Pelos filhos que não aconteceram. De tudo aquilo que estava contido em uma promessa silenciosa que fazíamos enquanto nos abraçávamos e nos amávamos na beleza de uma inocência ignota. Poderíamos ter tudo. Ser tudo e por medo nos calamos.

Prossigo. Sem ar. Sem esperança. Sem alegria. Desprovido de alma. Mas piores serão meus dias por prosseguir sem você. São as lágrimas silenciosas que escorrem pelos meus olhos cansados, minha face enrugada e com a barba para fazer que te faço essa ultima homenagem. Vou te amar para sempre.

Em silêncio.

_______________________________________